INÉDITOS
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Permanecem aqui alguns textos não publicados, em gaveta aberta.
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A Breve História da Menina Eterna
edições humanistas | Da Permanência e Dúvida
Em A Breve História da Menina Eterna, a narração acontece em torno do não contado, entre o presente e o passado que o explica, e de avisos ao leitor, para que não siga uma história que não espera, mas que não possa deixar. Explorando mistérios comuns, mas no exercício de um princípio improvável manifestado na ingénua personagem central, experimentam-se raciocínios, serenam-se angústias na eterna irresolução do mundo, deixam-se perguntas sem solução. A Breve História da Menina Eterna trata o amor e o sofrimento, a morte e o tempo. Conta-se uma história trágica, mas serena, franca e cândida.
«Eve olhou para ela e a verdade tomou-a. Tinha dois anos, descobria um mundo no caminho de uma formiga. Devolveu à mãe o riso que leva o que não conhece. Ela soube ali. Morreria. Morrerá. Morrerás. Assim como nunca havido sido, haveria de deixar de ser. Nascera para morrer. O peito atomizou-se. Perguntou para quê. Zangou-se com o engano da natureza, com a humanidade perpetuada. À custa de filhos nascidos. Por tantos queridos. E tantos os nascidos são quantos os que mortos serão. A zanga não fez forças com o que não podia fazer mais. Era preciso deixá-la agora crescer, adiar-lhe a morte. Mas a dúvida carregou-se nela, assentou no arrependimento e cruzou-se com a possibilidade iminente do fim. Na ausência de realidade que lhe bastasse, decidiria fazer de conta.»